Moradores de rua: o que lhes resta

O crescimento da população de rua é incontestável. Em todas as capitais do Brasil o número de desabrigados só cresce. Em São Paulo, a maior cidade do pais, a questão vem se agravando. E não há nenhuma proposta efetiva para modificar essa situação. Ela é bem visível na mídia quando chega a época das eleições, onde os candidatos prometem resolver todos os problemas sociais, prática que se mantem há quinhentos anos, sem que nada se modifique após as eleições. 

Passando pelo final da rua do Manifesto e cruzamento do viaduto da Av.  Comandante Delamare, final da rua Silva Bueno, uma cena nos chama a atenção. A guarda metropolitana arranca os pertences dos moradores – cobertores e roupas velhas - e jogam tudo nos containers dos caminhões da prefeitura. Os moradores não resistem, mas ficam revoltados. Conversam entre si, um murmurado quase gutural para não sofrerem represália da guarda municipal. Enquanto os guardas retiram seus pertences, eles só observam. Impotentes e indefesos, sabem que não podem contar com ninguém. Contavam só com um chão sujo e uma cobertura fria e indiferente, nada mais. E quando lhe retiram suas roupas e suas cobertas velhas e sujas, suas únicas posses, sentem que o pior pode ficar mais ruim.  Ao perceber que estamos tirando fotos, ele dizem: “tirem fotos e mostrem tudo...estão levando tudo de nós”. Os guardas nos observam com olhar intimidador. Disfarçamos e procuramos um melhor ângulo, mas os guardas não tiram os olhos de nossa equipe.



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